Flávio Rodrigues

  Bio     Vídeos     Currículo     Outros Rolês  

Flávio Rodrigues é natural de Mongaguá (e antes de se questionar como raios eu chamo alguém que nasce nessa cidade, o correto é mongaguaense. De nada), mas já vive há anos na aprazível e hospitaleira terra do sítio do Lula onde estava o Queiroz das flores e dos morangos, Atibaia.

Sem músicos na família, a princípio seu único contato eram os clipes musicais das paradas de sábado de manhã que era obrigado a ouvir quando sua irmã acordava mais cedo e tomava o controle remoto, o impedindo de assistir ao Laboratório de Dexter. No entanto, foi no contato na escola com Otávio (ainda sem a alcunha pela qual todos o conheceríamos e aprenderíamos a amar no futuro) que a aproximação com a música veio.

Já tinha 12 anos quando ganhou seu primeiro violão: um maravilhoso Tonante. Cordas de nylon, para não machucar os dedos, e feito da mais pura madeira compensada. Parece que seu pai não botava muita fé nos meus dotes musicais e, de fato, não há porque culpá-lo.

O primeiro professor foi escolhido com muito rigor: andando pela rua que ainda mora, viu uma simpática “placa” (entenda “placa” como uma folha sulfite escrita à mão no portão) com os dizeres “aula de violão”. Era perto, o preço amigável. Por que não?

Foram 2 meses de aulas. O suficiente para aprender uma música do Capital Inicial, que aquele “jogo da velha” na frente da nota se chamava “suchinido” (sim, ele o ensinou assim) e que eu não seria um violonista. Moral da história: escolham com cuidado seus professores, amiguinhos!

No entanto, através dos amigos, o gosto pelo instrumento foi aumentando, algumas notas sofridas começavam a soar, veio a guitarra aos 17 anos e Flávio entrou de vez nesse mundo, participando de várias bandinhas de colégio que geralmente passavam a tarde mais ouvindo juntos Iron Maiden do que tocando alguma coisa. Não há porque os culpar, afinal de contas, também não iriam tocar em lugar nenhum.

Quando se findou o ensino médio e veio a escolha da profissão, Flávio não teve dúvida: NÃO seria músico!

Com isso em mente, mas com o amor pelas artes aflorado, foi se arriscar como ator no Conservatório de Tatuí. Depois disso, ingressou ainda na faculdade de artes cênicas.

Entre Hamlets, Édipos e Macbeths, encontrou novamente a música. Foram diversos musicais, um deles que o marcou profundamente: O Poeta da Vila e Seus Amores, espetáculo escrito por Plínio Marcos e que contava a vida e obra do sambista carioca Noel Rosa.

Quem diria que, na época, o cabeludo que gostava de Megadeth (graças a uma colega de conservatório. Obrigado, Camila!) iria se apaixonar pelo balanço do samba e decidir de vez encarar o desafio de se tornar músico?

Deixou Tatuí para trás, muitas histórias pra contar e voltou à terra do morango. Começou a levar a sério os estudos de guitarra no IG&T em São Paulo, passou e estudar também canto e teoria musical, profanava as músicas de Tom Jobim em seu Tonante e ingressou na Faculdade de Artes Alcântara Machado, a gloriosa FAAM, em São Paulo, no curso de música, onde se formou em 2015.

Foram anos de aprendizado, noites sem dormir direito com medo da prova da Aída (quem a conhece entenderá do que estou falando) e o apelido de Jesus (cabeludo, barbudo… Criativos, não?).

Em paralelo a isso, já havia iniciado seu percurso também pela educação. Aulas de guitarra, violão, canto, teoria musical e musicalização.

Formado, ganhou uma bolsa para a pós-graduação em musicoterapia na FMU, também em São Paulo, onde passou a pensar no som não só para encantar, mas também para curar e se formou em 2017.

Em um determinado ponto de sua trajetória se interessou pelas questões culturais da cidade. Se formou em Gestão Cultural na PUC-SP e em cursos de aperfeiçoamento sobre políticas culturais. Em 2019 se tornou conselheiro de cultura pela cadeira de música e vice-presidente do conselho municipal. Logo ele que pouco seguia seus próprios conselhos. Enfim, a hipocrisia.

Nesse meio tempo, tocou pelos bares da cidade ao lado do amigo André Takacs com o duo Brasil em Dois, e conheceu a esposa com a qual também dividiu o palco e muitas histórias de amor, Cristiane Barbosa. Com ela, foram diversos espetáculos com seu trabalho autoral e o lançamento do single Aos Mestres, Com Carinho (2017) e Festa no Fundo do Mar (a ser lançado). Sem contar as parcerias musicais com outros grandes amigos, como a que fez com o violonista Rafael Cardoso no álbum Inspirações (2018) na música Ela, interpretada pela multi-instrumentista Badi Assad. Ah, nessa época ele já tinha comprado um Yamaha (R.I.P. Tonante).

Hoje, também acumula o título de pesquisador, mestrando na área de etnomusicologia pela Universidade Estadual de Campinas, a UNICAMP, sob orientação da Prª Drª Suzel Ana Reily, onde desenvolve uma pesquisa junto aos tocadores de taiko da cidade. Don-kon, don-kon!

Unindo a antiga amizade com aquele que o iniciou na música à velha vontade de comunicar-se, que já aflorava desde os tempos de teatro e ganhou alguns capítulos em canais locais, revistas e comerciais de redes de internet que não usa em sua casa, criou então o podcast RUÍDOS, ao lado do sempre fiel companheiro Tody Kavakama..

Prazer,

Flávio Rodrigues

Atibaia, SP, BRA 22/08/2020